domingo, 4 de fevereiro de 2007

Paulo Coelho


Biografia

Paulo Coelho

1947



O escritor brasileiro PAULO COELHO nasceu em 1947, na cidade do Rio de Janeiro. Antes de dedicar-se inteiramente à literatura, trabalhou como diretor e ator de teatro, compositor e jornalista.
PAULO COELHO escreveu letras de música para alguns dos nomes mais famosos da musica brasileira, como Elis Regina e Rita Lee. Seu trabalho mais conhecido, porém, foram as parcerias musicais com Raul Seixas, que resultou em sucessos como Eu nasci há dez mil anos atrás, Gita, Al Capone, entre outras 60 composições com o grande mito do rock no Brasil.
Seu fascínio pela busca espiritual, que data da época em que, como hippie, viajava pelo mundo, resultou numa série de experiências em sociedades secretas, religiões orientais, etc.
Em 1982, editou ele mesmo seu primeiro livro, Arquivos do Inferno, que não teve qualquer repercussão. Em 1985, participou do livro O Manual Prático do Vampirismo, que mais tarde mandou recolher, por considerar, segundo suas próprias palavras, ''de má qualidade''.
Em 1986, PAULO COELHO fez a peregrinação pelo Caminho de Santiago, cuja experiência seria descrita em O Diário de um Mago. No ano seguinte (1988), publicou O Alquimista, que - apesar de sua lenta vendagem inicial, o que provocou a desistência do seu primeiro editor - se transformaria no livro brasileiro mais vendido em todos os tempos. Outros títulos incluem Brida (1990), As Valkírias (1992), Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei (1994), a coletânea das melhores colunas publicadas na Folha de São Paulo, Maktub (1994), uma compilação de textos seus em Frases (1995), O Monte Cinco (1996), O Manual do Guerreiro da Luz (1997), Veronika decide morrer (1998), O demônio e a Srta. Prym (2000), a coletânea de contos tradicionais em Histórias para pais, filhos e netos (2001), Onze Minutos (2003), O Zahir (2005) e a compilação de textos Ser como o rio que flui (2006), que está publicado apenas em alguns países.
Fez também a adaptação de O dom supremo (Henry Drummond) e Cartas de Amor de um Profeta (Khalil Gibran).
PAULO COELHO vendeu, até hoje, um total de 85 milhões de exemplares e, de acordo com a revista americana "Publishing Trends", foi o autor mais vendido do mundo em 2003, com o livro Onze Minutos - apesar do livro ainda não ter sido lançado nos Estados Unidos, Japão, e mais dez países (o lançamento ocorreu apenas em 2004). Também na lista de "Publishing Trends", O Alquimista se encontra em sexto lugar de vendas mundiais em 2003. Onze Minutos atingiu o primeiro lugar em todos os países onde foi lançado, exceto Inglaterra, onde ficou em segundo lugar. O Zahir, publicado em 2005, ficou em terceiro lugar da lista dos mais vendidos da Publishing Trends, abaixo do Código da Vinci e Anjos e demônios, de Dan Brown.
O Alquimista é um dos mais importantes fenômenos literários do século XX. Chegou ao primeiro lugar da lista dos mais vendidos em 18 países, e vendeu, até o momento, 30 milhões de exemplares.
Tem sido elogiado por pessoas tão diferentes como o premio Nobel Kenzaburo Oe e a cantora Madonna, que o considera seu livro favorito. Já foi fonte de inspiração de vários projetos - como um musical no Japão, peças de teatro na França, Bélgica, USA, Turquia, Itália, Suíça. Agora é tema de duas sinfonias (Itália e USA), e teve seu texto ilustrado pelo famoso desenhista Moebius (autor, entre outros, dos cenários de O Quinto Elemento e Alien).
Seu trabalho está traduzido para 62 idiomas, e editado em mais de 150 países.


PAULO COELHO é:
Membro do Board do Instituto Shimon Peres Para a Paz
Conselheiro Especial da UNESCO para "Diálogos Interculturais e convergências espirituais”
Membro da diretoria da Schwab Foundation for Social Entrepreneurship
Membro da Academia Brasileira de Letras
Principais prêmios e condecorações:
“I Premio Álava en el Corazón" (Espanha, 2006)
“Wilbur Award” (Estados Unidos, 2006)
Premio Kiklop pelo O Zahir na categoria “Hit of the Year” (Croácia, 2006)
Premio “DirectGroup Inrternational Author” (Alemanha 2005)
“Goldene Feder Award” (Alemanha, 2005)
“The Budapest Prize” (Hungria, 2005)
“Order of Honour of Ukraine” (Ucrânia, 2004)
"Order of St. Sophia" (Ucrânia, 2004)
“Nielsen Gold Book Award" pelo O Alquimista (Inglaterra, 2004)
Premio “Ex Libris Award” pelo o livro Onze Minutos (Serbia, 2004)
Premio “Golden Bestseller Prize” do jornal "Večernje Novosti" (Serbia, 2004)
Oficial de Artes e Letras (França, 2003)
Premio Bambi de Personalidade Cultural do Ano (Alemanha, 2001)
Premio Fregene de Literatura (Itália, 2001)
"Crystal Mirror Award" (Polônia, 2000)
"Chevalier de L'Ordre National de la Legion d'Honneur" (França, 2000)
“Golden Medal of Galicia” (Espanha, 1999)
"Crystal Award" World Economic Forum (1999)
"Comendador de Ordem do Rio Branco" (Brasil, 1998)
Finalista para o "International IMPAC Literary Award" (Irlanda, 1997)
"Golden Book" (Yugoslavia '95, '96, '97, '98)
“Super Grinzane Cavour Book Award” (Itália, 1996)
"Flaiano International Award" (Itália '96)
"Knight of Arts and Letters" (França '96)
"Grand Prix Litteraire Elle" (França/95)


Destaques


PAULO COELHO entrou para o Guinness Book of Records como o autor que mais assinou livros em edições diferentes (dia 9 de Outubro 2003, Feira do Livro de Frankfurt).
Uma comunidade norueguesa, Arendal, deu o livro O Alquimista a todos os funcionários públicos, como maneira de estimular um novo tipo de pensamento.
Vários cursos de MBA, como The Graduate School of Business of the University of Chicago recomenda O Alquimista no seu currículo de leitura. Também foi adotado em escolas da França, Itália, Portugal, Brasil, Taiwan, Estados Unidos, e Espanha, entre outros países.
A edição ilustrada de O Alquimista, feita pelo desenhista Moebius, já foi publicada em vários países.
O livro O Alquimista está adotado em escolas de mais de trinta países. França, Argentina, México, Espanha, tem edições especiais para alunos.
PAULO COELHO conseguiu ter três títulos ao mesmo tempo nas listas de mais vendidos na França, Brasil, Polônia, Suíça, Áustria, Argentina, Grécia, Croácia, Rússia.
Sua Santidade o Papa João Paulo II recebeu o autor no Vaticano, em 1998.
O Fórum Econômico Mundial distinguiu o autor com o seu premio mais importante, o Crystal Award.
PAULO COELHO tem uma coluna semanal em O Globo, e vários jornais brasileiros e estrangeiros. Se você desejar fazer um download grátis de 70 destas colunas, vá até a
página correspondente. Se desejar ler esta coluna online, vá até a página correspondente. Se deseja saber os paises onde as colunas são publicadas, vá até a pagina correspondente.
No mês de março 2000 o governo francês concedeu ao autor sua mais prestigiosa distinção, "Chevalier de L'Ordre National de la Legion d'Honneur".
No mês de Janeiro 2001, passou a fazer parte da Diretoria da Schwab Foundation for Social Entrepreneurship, que distingue projetos voltados para a responsabilidade social.
A vida de Paulo Coelho já foi tema de documentários para a TV irlandesa (Seven Days - a Journey with Paulo Coelho), Japonesa (The road of Kumano em fevereiro, The Road of Santiago em setembro), Canal People & Arts (Paulo Coelho, o alquimista da palavra), A&E Mundo, TV Prima, entre outros.
Em 2005 o Hotel Bristol dedicou a Paulo Coelho o seu chocolate quente com laranja. Essa homenagem veio do fato do autor ter mencionado o hotel em seu mais recente livro O Zahir.
Em Março de 2006, o autor iniciou uma peregrinação que o levou a percorrer novamente o Caminho de Santiago de Compostela dando autógrafos surpresa em algumas cidades. Nos noventa dias seguintes, o autor viajou pelo o mundo e fez a famosa viagem no trem Transiberiano até Vladivostock. Durante essa comemoração de seus vinte anos do Caminho de Santiago de Compostela, o autor permaneceu em contato com os seus leitores através de seu blog
Encontros no Caminho.
Em 2006, PAULO COELHO lançou uma coletânea de contos, opiniões e idéias sob o titulo Ser como o rio que flui, baseada em suas colunas de jornal. Este livro será lançado na maioria dos paises apenas em 2008, já que “A Bruxa de Portobello”, seu novo romance, será publicado no mundo inteiro em 2007.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Florbela Espanca



Florbela Espanca

1894-1930




Florbela Espanca nasceu no Alentejo, em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894.
Filha ilegítima de uma "criada de servir" falecida muito nova, alegadamente de "nevrose", foi registada como filha de pai incógnito, marca social ignominiosa que haveria de a marcar profundamente, apesar de curiosamente ter sido educada pelo pai e pela madrasta, Mariana Espanca, em Vila Viçosa, tal como seu irmão de sangue, Apeles Espanca, nascido em 1897 e registado da mesma maneira. Note-se ainda que o pai, que sempre a acompanhou, só 19 anos após a morte da poetisa a perfilhou, por altura da inauguração do seu busto em Évora, debaixo de cerrada insistência de um grupo de florbelianos.
Estudou em Évora, onde concluiu o curso dos liceus em 1917. Mais tarde vai estudar para Lisboa, frequentando a Faculdade de Direito. Colaborou no Notícias de Évora e, embora esporádicamente, na
Seara Nova. Foi, com Irene Lisboa, percursora do movimento de emancipação da mulher.
Os seus três casamentos falhados, assim como as desilusões amorosas em geral e a morte do irmão, Apeles Espanca (a quem a ligavam fortes laços afectivos), num acidente com o avião que tripulava sobre o rio Tejo, em 1927, marcaram profundamente a sua vida e obra.
Em Dezembro de 1930, agravados os problemas de saúde, sobretudo de ordem psicológica, Florbela morreu em Matosinhos. O seu suicídio foi socialmente manipulado e, oficialmente, apresentada como causa da morte, um «edema pulmonar».
Com a sua personalidade de uma riqueza interior excepcional, escreveu os seus versos com uma perturbação ardente, revelando um erotismo feminino transcendido, pondo a nu a intimidade da mulher, dando novos rumos à consciência literária nascida de vivências femininas.
A sua Poesia é de uma imensa intensidade lírica e profundo erotismo. Cultivou exacerbadamente a paixão, com voz marcadamente feminina sem que alguns críticos não deixem de lhe encontrar, por isso mesmo, um "dom-joanismo no feminino".
O sofrimento, a solidão, o desencanto, aliados a imensa ternura e a um desejo defelicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito, constituem a temática veiculada pela veemência passional da sua linguagem. Transbordando a convulsão interior da poetisa pela natureza, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas.
Florbela Espanca não se liga claramente a qualquer movimento literário. Próxima doneo-romantismo de fim-de-século, pelo carácter confessional e sentimentalista da sua obra, segue a poética de António Nobre, facto reconhecido pela poetisa. Por outro lado, a técnica do soneto, que a celebrizou, pode considerar-se influência de Antero de Quental e de Camões.
Só depois da sua morte é que a poeta viria a ser conhecida do grande público, tendo contribuído para isso, inicialmente, a publicação de Charneca em Flor (1930) pelo professor italiano
Guido Batelli.
Na Enciclopédia Larousse, esta poetisa é definida como «parnasiana, de intenso acento erótico feminino, sem precedentes na Literatura Portuguesa. A sua obra lírica, iniciada em 1919, com o Livro das Mágoas, antecipa em seu meio a emancipação literária da mulher».
No entanto, Florbela Espanca teve um “frio acolhimento” durante toda a sua conturbada vida. As críticas contemporâneas sobre a sua poesia podem facilmente colocar-se em extremos opostos, desde: versos imprimidos de “toda a ternura, todo o sentimento de uma alma de mulher”, “verdadeiro mimo”, ou, por outro lado, “escrava de harém”, “lábios literariamente manchados”, “um livro mau, um livro desmoralizador”.Vacilando entre a moral e o preconceito, a beleza própria da poesia de Florbela recebeu pouco mais do que incompreensão, em vida e manipulação em morte, durante cerca de 40 anos. Atente-se que até no plano político Florbela foi declarada inimiga do Estado Novo.
A ficção manipulada por Battelli na onda de sensacionalismo gerada no ano seguinte ao seu suicídio, só em 1979 conhecerá melhor esclarecimento, quando Augustina Bessa-Luís escreve Florbela Espanca, a vida e a obra recorrendo diractamente ao estudo do espólio. ("Florbela Espanca",. Lisboa: Arcádia, 1979; 3ª ed., Guimarães, 1998)
Parece incrível como a intimidade pode ser ficcionalizada e sustentada até que José Régio, Jorge de Sena e Vitorino Nemésio se dedicaram à imagem política e poética, quase como uma frente de libertação, para trazer a verdadeira Florbela e a poeta que deve ser lida pelo que deixou em texto, sem vínculos com sua vida particular.
Com ou sem escândalo, ou fascinação pelo escândalo; com ou sem histórias de atribulações novelescamente ligadas a uma sucessão de três casamentos infelizes, a perdas familiares dolorosas e à incompreensão constante na sua vida, o que fica é a voz poética da "alma gémea" de Fernando Pessoa, autêntica, feminina e pungente:

Eu quero amar,

amar perdidamente!

Amar só por amar:

Aqui... além...

Mais Este e Aquele,

o Outro e toda a gente...

Amar! Amar!

E não amar ninguém!


Mesmo se, por vezes, marcada por algum convencionalismo, a sua poesia tem suscitado interesse contínuo de leitores e investigadores. É considerada como a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX.

Fernando Pessoa


Biografia

Fernando Pessoa

1888-1935





Fernando Pessoa, um dos expoente máximos do modernismo no século XX, considerava-se a si mesmo um «nacionalista místico».
Nasceu Fernando António Nogueira Pessoa em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1888, filho de Maria Madalena Pinheiro Nogueira e de Joaquim de Seabra Pessoa.
A juventude é passada em Lisboa, alegremente, até à morte do pai em 1893 e do irmão Jorge no ano seguinte. Estes acontecimentos, em conjunto com o facto de sua mãe ter conhecido o cônsul de Portugal em Durban, levam-no a viajar para a África do Sul. Aí vive entre 1896 e 1905. À vivência nesse país da Commonwealth pode atribuir-se uma influência decisiva ao nível cultural e intelectual, pondo-o em contacto com os grandes autores de língua inglesa.
O Regresso a Portugal, com 17 anos, é feito com o intuito de frequentar o curso de Letras. Viveu primeiro com uma tia, na rua de S. Bento e depois com a avó paterna, na Rua da Bela Vista à Lapa. Mas com o fracasso do curso (frequentou-o poucos meses), governa-se apenas com o seu grande conhecimento da língua inglesa, trabalhando com diversos escritórios em Lisboa em assuntos de correspondência comercial.
Ficou sobretudo conhecido como grande prosador do modernismo (ou futurismo) em Portugal. Expressando-se tanto com o seu próprio nome, como através dos seus heterónimos. Entre estes ficaram famosos três: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Sendo que as suas participações literárias se espalhavam por inúmeras publicações, das quais se destacam: Athena, Presença, Orpheu, Centauro, Portugal Futurista, Contemporânea, Exílio, A Águia, Gládio. Estas colaborações eram tanto em prosa como em verso.
Teve uma paixão confessa - Ophélia Queirós - com a qual manteve uma relação muitas das vezes distante, se bem que intensa. Mas foi talvez Ophélia a única a conhecer-lhe o lado menos introspectivo e melancólico.
O seu percurso intelectual dificilmente se descreve em poucas linhas. É sobretudo o relato de uma grande viagem de descoberta, à procura de algo divino mas sempre desconhecido. Essa procura efectuou-a Pessoa com recurso a todas as armas - metafísicas, religiosas, racionalistas - mas sem ter chegado a uma conclusão definitiva, enfim exclamando que todos os caminhos são verdadeiros e que o que é preciso é navegar (no mundo das ideias).
Os últimos anos são vividos em angústia. Os seus projectos intelectuais não se realizam plenamente, nem sequer parcialmente. Talvez os seus objectivos fossem à partida demasiado elevados...

Certo é que esta falta de resultados concretos o deita a um desespero cada vez mais profundo. Foi um profeta que esperava a realização da sua profecia, mas que morreu sem ver sequer o principio da sua realização.
Fernando Pessoa morre a 30 de Novembro de 1935, de uma grave crise hepática induzida por anos de consumo de álcool, no hospital de S. Luís. Uma pequena procissão funerária levou o corpo a enterrar no Cemitério dos Prazeres. Em 1988, por ocasião do centenário do seu nascimento, os seus restos mortais foram transladados para o Mosteiro dos Jerónimos em Belém. Em vida apenas publicou um livro em Português: o poema épico Mensagem, deixando um vasto espólio que ainda hoje não foi completamente analisado e publicado
.

Friedrich Nietzsche


Biografia
Friedrich Nietzsche
1844-1900




Para muitos não passa de um filósofo racista e anti-democrático, mas para muitos outros um pensador genial que anuncia a filosofia do século XX, libertando o pensamento ocidental de falsas ideias e valores.
Nietzsche nasceu em 1844 em Rocken, uma pequena aldeia perto de Leipzig. Afirmava-se descendente de antigos nobres polacos. O seu pai, Karl Ludwig era pastor luterano. Em consequência do falecimento de seu pai, quando contava apenas 5 anos, a sua mãe foi obrigada a mudar-se para Naumburg. Aí Nietzsche passa a viver num ambiente familiar onde só existem mulheres: a sua mãe, a irmã, a avó e três tias.
Em Outubro de 1864 entra para a Universidade de Bona onde inicia os estudos superiores em filologia e teologia.Era intenção da sua mãe que seguisse a tradição familiar tornado-se padre, como haviam sido a maioria dos seus antepassados. As intenções de Nietzsche eram contudo outras. Não tarda em abandonar os estudos teológicos, concentrando-se na filologia.
No ano seguinte ingressa na Universidade de Liepzig, seguindo o seu professor de filologia Ritschl. Aqui entra em contacto com a filosofia de Schopenhaeur (1865) que o irá influenciar profundamente.

Em 1866, alista-se no exercito na guerra entre a Prussia e a Austria. Durante a instrução caí de um cavalo, ficando hospitalizado 5 meses.Apenas em 1868 retoma do seus estudos na Universidade de Leipzig. É neste ano que estabelece amizade com o compositor Richard Wagner (1813-1883).Nietzsche fica encantado com a sua música e as suas óperas, principalmente com "Tristão e Isolda" e "Os Mestres Cantores".
Em 1869, devido à influencia de Ritschl é nomeado professor ordinário de Filologia Clássica em Basileia. No ano seguinte, a Alemanha entra de novo em guerra, agora contra a França. Nietzsche alista-se no exército agora como enfermeiro, mas pouco depois adoece, contraindo difteria e desinteria.Esta doença provocam-lhe dores de estomago, e aumentam-lhe as dores de cabeça.
A sua carreira de professor de filologia foi marcada por um relativo fracasso, por duas razões: O que Nietzsche gostava era de filosofia e não de filologia, o que gerou frequentes incompreensões na comunidade de filólogos. A sua saúde não parava de piorar, tendo cada vez mais dificuldades em dar aulas, dado que a sua voz se tornara imperceptível aos alunos.
Desde a adolescencia que sofria de várias doenças, como miopia precoce, reumatismos, mas sobretudo de terríveis dores de cabeça cujas causas ainda são objecto de polémica. O acidente de 1866 e a doença contraída em 1870 agravaram a sua já débil saúde. A tudo isto se juntou uma outra terrível doença: uma paralesia progressiva, resultante de uma infecção siflítica que contraiu entre as prostitutas que frequentava.Teria sido esta a doença que levou às manifestações de paranóia e depois à loucura e morte (Nicola Abbagnano).
Devido à doença que sofria (paralesia progressiva) e a outras maleitas viu-se obrigado a abandonar o ensino (1879).
Graças a uma pensão que lhe foi dada pela cidade de Basileia, viu assegurada a sua subsistência, passando a dedicar-se inteiramente à reflexão e escrita filosófica. Vive então na Suíça, França, Itália e na Alemanha.
Os seus últimos dez anos de vida foram particularmente dramáticos. No começo de 1889 é-lhe diagnosticada a citada paralesia progressiva, perdendo a sanidade mental neste mesmo ano. Faleceu a 25 de Agosto de 1900.


Principais Obras
Origem da Tragédia no Espírito da Música (1872), Considerações Intempestivas (1873-1876), Humano, Demasiado Humano (1878), O Viajante e a sua Sombra ((1880), Aurora (1881), A Gaia Ciência (1882),Assim Falava Zaratusta (1883-1891), Para Além do Bem e do Mal (1886), Genealogia da Moral (1887), O Crepusculo dos Idolos , O Anticristo, Ecce Homo (1888), A Vontade de Poder (editada postumamente em 1906), etc.

Carlos Drummond de Andrade



BIOGRAFIA
Carlos Drummond de Andrade
1902-1987


Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902.


De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.
O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.
Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.
Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa.
Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac (Les Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos (Les Liaisons dangereuses, 1782; As relações perigosas), Marcel Proust (La Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña Rosita, la soltera o el lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François Mauriac (Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies de Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino).
Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.

AS SEM-RAZÕES DO AMOR

AS SEM-RAZÕES DO AMOR

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.


Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,

é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.



Carlos Drummond de Andrade

NÃO SE MATE

NÃO SE MATE

Carlos, sossegue,
o amor é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira
ninguém sabe o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para as bodas
que ninguém sabe quando virão, se é que virão.

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas, vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, pra quê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira,
você é o grito que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.

O amor no escuro, não,
no claro,é sempre triste,
meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.

Carlos Drummond de Andrade

AUSÊNCIA

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço
e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade
"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."


"Todo coração em caos traz uma estrela cintilante ."


"Aqueles que compreendem alguma coisa em sua dimensão mais profunda, raramente permanecem fiéis a ela para sempre. Porque expuseram essas profundezas à clara luz do dia; e o que lá se encontra não é em geral agradável de ver."



"O maior inimigo da verdade, não é a mentira e sim, a convicção."


"A melhor cura para o amor é ainda aquele remédio eterno: amor retribuído."



"Qual é a marca da liberdade realizada? Não mais corar de si próprio."


"Opiniões públicas, ócio privado." ´


"Uma hipótese irrefutável - por que deveria por essa razão ser 'verdadeira'? " - Nietzsche
"Não faças aos outros o que não queres que te façam." - Jesus Cristo
"O que Pedro diz sobre Paulo informa muito mais sobre Pedro do que sobre Paulo." - Jung
"Existe muita loucura no amor, mas também existe muita razão na loucura." - Nietzsche
"Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons"
- Freud
"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperá-la. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..."
- Confúcio
"Uma mulher pode muito bem tornar-se amiga de um homem; mas para manter essa amizade - para isso é necessário talvez uma antipatia física."
- Nietzsche
"O homem verdadeiramente sábio não diz tudo que pensa, mas pensa tudo quanto diz."

- Aristóteles
"Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?" - Nietzsche

POEMA EM LINHA RETA

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras,
pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos, Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa

As Cartas de Amor


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor
Se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu
Tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor,
Se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca
Escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas...
Álvaro de Campos ( heterônimo de Fernando Pessoa ) - 21/10/1935

Para ti Madalena


O teu riso


Tira-me o pão,

se quiseres,

tira-me o ar,

mas não me tires o teu riso.


Não me tires a rosa,

a lança que desfolhas,

a água que de súbito

brota da tua alegria,

a repentina onda

de prata que em ti nasce.


A minha luta é dura e regresso

com os olhos cansados

às vezes por ver

que a terra não muda,

mas ao entrar teu riso

sobe ao céu a procurar-me

e abre-me todas

as portas da vida.


Meu amor, nos momentos

mais escuros solta

o teu riso e se de súbito

vires que o meu sangue mancha

as pedras da rua,ri,

porque o teu riso

será para as minhas mãos

como uma espada fresca.


À beira do mar, no outono,

teu riso deve erguer

sua cascata de espuma,

e na primavera, amor,

quero teu riso como

a flor que esperava,

a flor azul, a rosa

da minha pátria sonora.


Ri-te da noite,

do dia, da lua,

ri-te das ruas

tortas da ilha,

ri-te deste grosseiro

rapaz que te ama,

mas quando abro

os olhos e os fecho,

quando meus passos vão,

quando voltam meus passos,

nega-me o pão, o ar,

a luz, a primavera,

mas nunca o teu riso,

porque então morreria.


Pablo Neruda