quarta-feira, 30 de julho de 2008

Ser Alegre...

Neste momento é seguro afirmar que todo o País está contra o PS até o PS. Uma coisa é a esquerda gritar e a direita ranger os dentes, outra coisa é gente do próprio PS organizar comícios contra o Governo. Sócrates conseguiu maioria absoluta em Portugal, mas parece ter dificuldade em obter maioria relativa no PS. Significa isso que os socialistas têm mais juízo que a generalidade dos portugueses? Aí está uma hipótese que, a verificar- -se, seria surpreendente.

Que a crise existe, pelo menos, ninguém nega. De um modo geral, todos estão preocupados com o fosso que se aprofunda, em Portugal, entre os ricos e os pobres.

A esquerda preocupa-se porque o fosso é cada vez maior; a direita indigna-se porque ainda ninguém se lembrou de pôr crocodilos no fosso. Os pobres, com algum esforço, continuam a conseguir passar. Entre a esquerda e a direita está o PS, que acaba por não ser uma coisa nem outra. Que sorte.

Os cidadãos têm algum medo das ideologias, e por isso preferem votar em quem não tem ideologia nenhuma.

A menos que todos estes tumultos e confrontações internas não passem de uma estratégia genial do PS (mas todos sabemos como é raro o PS delinear uma estratégia, quanto mais uma que seja genial). Pense o leitor comigo: Manuel Alegre e Sócrates podem ter-se conluiado para fazer a vida negra ao PSD. O que, em princípio, não seria mau: enquanto o PS se entretém a fazer a vida negra ao PSD, pode ser que se distraia da tarefa de fazer a vida negra aos portugueses. Mas o certo é que, tendo o PS maioria absoluta e, além ou apesar disso, uma oposição interna acirrada, Manuela Ferreira Leite tem um problema grave. A senhora ainda agora foi eleita e já se encontra perante uma tarefa duplamente difícil: por um lado, deve demonstrar que governa melhor que Sócrates; por outro, tem de provar que faz oposição melhor que Alegre. O PS não brinca.

Manuel Alegre pode ser, por isso, para Sócrates, um cavalo de Tróia que, estando dentro do PS, consegue, no entanto, minar o PSD. O primeiro-ministro bem disse que ia criar empregos, mas devia ter avisado que seriam todos para os socialistas. Neste momento, o partido socialista tem militantes a ocupar o lugar de líder do Governo e o de líder da oposição. Que o partido do poder arranje tachos na governação aos seus militantes ainda se aceita, mas que agora também lhes ofereça lugares na oposição, já parece eticamente duvidoso.

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